sábado, 20 de julho de 2013

Aos Filhos de Maria Baderna

     Eu, posto um baderneiro, me tornei cavalheiro, aprendi a discernir quem é o opressor, assim nomeado, dizem que é a representação do que sou, sei que sou muito mais que isso. Aos filhos de Maria Baderna, guerreira de muito tempo atrás, agora somos os bárbaros dos tempos atuais somente protegendo o que nos pertence. Ninguém pode dizer que não tentei conversar, disse em plena boca, em cartazes e no cantar, mas ao tentar dessa forma popular sofri açoites em chibatas, vi abrirem o mar de gente que fazia a nova estação chegar, disse que não queria violência, eles seguravam espadas, soltavam bombas, disparavam balas, varriam as ruas, firmavam o basta.
     Malandramente andei de bolsos vazios, joguei no chão o que uso nessa guerra e na culinária, meus olhos ardendo como brasas, meus pulmões quase tuberculosos, mesmo assim seguia tranquilo, mostrando que isso ainda não matava, acalmando o desesperado que passava. Isso funcionou para poucos naqueles dias, ainda bem que o pior que havia não aconteceu comigo, outros foram presos por ninguém sabe o que, câmeras não oficiais registram o golpe mentiroso de quem deveria nos proteger. Amigos que não sei se são mais amigos, armados até os dentes, converteu-se ao que é vigente por moedas, ameaçados sofrem aplicando o terror, não há mais fugas como as de antigamente, eles conhecem as ruas, ruelas, becos e refúgios. Se acompanhado sou uma quadrilha, se sozinho viro vítima de um ataque extra-oficial de um oficial.
     Enquanto isso o terror que a polícia não quer prender é filmado e transmitido na TV fazendo os valores serem trocados, mostrando o que não existe, enganando você, e mesmo nesse cenário as belas cariocas insanas desfilam publicando a moda dos seus seios desejo, o subordinado soldado da pátria não tem nome escrito no peito, o anonimato não está só entre os arruaceiros e eu continuo baderneiro tentando acreditar que além dessa nuvem existe o sol que brilhará no rosto de toda a gente que permanece sem medo de lutar.

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